Sebouh Soghomonian sempre teve curiosidade pelo Europa e pelo modo de vida europeu. Foi esta paixão pelo velho continente que o levou há 24 anos a trocar Alepo por Atenas. Mas foi uma outra paixão que o trouxe até ao Porto.
Fotografia: Daniela Oliveira
Sebouh é sírio com ascendência arménia que trabalhou como ourives na sua cidade natal. Mas a vontade de viver na Europa falou mais alto e nos anos 90 mudou-se para a Grécia. O modo de vida europeu correspondeu às suas expectativas. “Na Europa as pessoas são mais livres, pouco religiosas.”
Numa fase inicial, trabalhou como ourives, mais tarde aventurou-se pela restauração e esta mudança mudou-lhe a vida.
A trabalhar à noite, quis o destino que se apaixonasse por uma portuguesa que estava de férias em Atenas. Foi amor à primeira vista e passado um ano casaram-se. Cedo começaram a pensar em mudar-se para Portugal.
Sebouh, 50 anos, não tem qualquer formação em cozinha, mas os seus cozinhados sempre foram apreciados por todos os amigos. A esposa de Sebouh, Célia, tem um grande conhecimento da cidade do Porto. Juntaram estas duas valências e surgiu o conceito Sabores do Sebouh. Um restaurante na Rua Miguel Bombarda que oferece sabores da cozinha síria, libanesa e grega. Quem entra no espaço é imediatamente transportado para o Médio Oriente; todo o restaurante está decorado com azulejos hidráulicos a cobrirem o chão e metade das paredes e há sempre música árabe.
O restaurante, aberto desde 2011, tem sido um sucesso e recebe gente de todos os credos. Sebouh conta que quem lá vai são clientes que viajaram pelo Médio Oriente e têm vontade de voltar a provar pratos da região, mas também muitos que se fizeram clientes habituais.
A ementa faz-se de produtos biológicos e principalmente de pratos vegetarianos. Mas para quem prefere carne, há sempre kebabs de frango.
Fotografia: Daniela Oliveira
Sebouh está em Portugal há 17 anos e confessa que a adaptação não foi muito fácil. A língua foi uma barreira, pois apesar de falar árabe, inglês, arménio, grego e alemão, não sabia falar português. Mas em três anos começou a dominar a língua e a integração começou a fluir. Admite que os portugueses são mais conservadores que os gregos e que demoram a confiar no que é diferente. Em comparação com os sírios, preocupam-se demasiado. “Nós os sírios temos sempre dificuldades. Já estamos habituados ao difícil. Quando uma criança nasce não tem futuro. Aqui, há mimo.”
Em Portugal há poucos sírios, portanto, Sebouh não tem muito contacto com os seus conterrâneos. Só há pouco tempo, vieram alguns refugiados. Sebouh faz questão de frisar que não é refugiado, como muitas vezes é confundido. “Saí da Síria há 24 anos. Não sou refugiado.” Sobre os que fogem da Síria, lamenta que fiquem pouco tempo em Portugal. “Muitos nem sabem ler e escrever em Árabe. Como se vão integrar? Vem de aldeias. É muito difícil.”
Sebouh tem vontade de regressar à Síria, mas não para já. “Não é seguro voltar.”
Sabores do Sebouh abre todos os dias à hora de almoço e de jantar, com exceção do dia de domingo e da hora de almoço de segunda-feira.
Artigo atualizado dia 30 de outubro de 2020 às 12h15.
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