A era da “informação à distância de um clique” permite também disseminar ódio e notícias falsas num ápice. O jornalismo vive dias difíceis, mas cabe ao setor honrar o seu nome, propósito e história. Erros devem ser assumidos e corrigidos quando acontecem.
A decisão dos canais generalistas portugueses de excluir Vitorino Silva, candidato às eleições Presidenciais dos debates frente-a-frente – decisão revista pela RTP – relança as críticas e ideias de que os órgãos de comunicação sociais são elitistas e manipulados pelo sistema instalado. Se é para dar visibilidade aos candidatos, tem de se atribuir o mesmo relevo a todos. Não é por varrer o pó para debaixo do tapete que o pó desaparece. Simplesmente acumula. É o que acontece com o descontentamento social face aos media.
O combate aos populismos, extremismos, radicalismos e, muitas vezes, à demagogia dos poderes estabelecidos não pode ser feito através da diabolização e do preconceito. Devem fazer-se perguntas imparciais, contrapor factos aos argumentos apresentados por cada ideologia e servir bem os eleitores. O papel do jornalismo é esse.
Ocultar ou louvar determinada ideologia em prol do politicamente correto ou daquilo que os órgãos de comunicação pensam ser correto, está errado. Dar as ferramentas para os cidadãos decidirem em consciência, educar as audiências em termos financeiros, históricos e políticos, de forma imparcial, é que pode evitar o colapso da humanidade que tantas vezes parece ter desejos de autodestruição. Ensinar e estimular as sociedades a respeitar o jornalismo é o caminho. A liberdade de expressão e liberdade de imprensa podem resultar numa mistura explosiva e ilusória. Cabe aos meios de comunicação estabelecer os limites do bom senso apresentando o maior número de factos possíveis ou poucos, mas arrebatadores.
É certo que o jornalista é humano, integra a sociedade e tem as suas crenças e orientações políticas. Na hora de assumir o papel de jornalista, o profissional tem de elevar os níveis de espírito crítico. A balança da imparcialidade em perfeito equilíbrio, aliada à qualidade do jornalismo desenvolvido, é a munição e argumento contra as críticas. Não se podem desperdiçar oportunidades e entregar o ouro ao bandido. Por um (ou dois, ou três), geralmente, pagam todos.
Quanto às eleições, a melhor arma ao dispor dos media, contra acusações de favorecimento a este ou àquele, é mostrar à sociedade, com rigor, o que esperar dos seus candidatos, deixando-a decidir quais os pontos positivos e negativos de cada um.
É imperativo informar de modo a que o recetor da mensagem possa decidir livremente pela sua interpretação pessoal, não se sentindo coagido a odiar ou a louvar quem quer que seja.
Viva a liberdade.
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