Num documentário biográfico, o Papa pede que os países criem leis para o reconhecimento da união civil entre homossexuais, contrariando a posição oficial da Igreja.
“As pessoas homossexuais têm o direito a viver em família. São filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser expulso ou infeliz por causa disto. O que precisamos de criar é uma lei sobre as uniões civis. Dessa forma, ficam cobertos legalmente. Eu defendo isto”, diz o Sumo Pontífice.
É a primeira vez que um Líder da Igreja Católica apoia publicamente as relações entre pessoas do mesmo sexo. O próprio Papa Francisco, eleito em 2013, nunca tinha manifestado claramente a sua posição relativamente a este tema, apesar de ter revelado, desde o início, uma mentalidade mais aberta do que a dos seus antecessores.
As declarações de Francisco contrariam a posição oficial do Vaticano em relação à homossexualidade. Em 2003, durante o pontificado de João Paulo II, a Congregação para a Doutrina da Fé definiu que, para a Igreja, “o respeito para com as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais”. O Papa continua a não apoiar o casamento homossexual mas não quer que esta comunidade seja excluída da Igreja.
O documentário biográfico “Francesco”, que retrata o pontificado do Papa, foi apresentado no Festival de Cinema de Roma pelo cineasta russo Evgeny Afineevsky. O documentário aborda temas variados, como a ecologia, a migração, a discriminação, a homossexualidade e os abusos sexuais por parte de membros da Igreja, assuntos que preocupam o Sumo Pontífice. O trailer do filme já está disponível online.
O Vaticano pronunciou-se sobre o assunto, afirmando que as declarações do Papa foram uma montagem de dois contextos diferentes. A Igreja escreveu aos núncios de todo o mundo, dizendo ainda que a doutrina da Igreja não sofre alterações, visto que o líder da Igreja Católica se referia a leis estaduais.
A Secretaria de Estado do Vaticano declara que pretende esclarecer os acontecimentos, atribuindo “uma adequada compreensão” às palavras de Francisco.
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