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Foto do escritorVânia Barbosa

Os candidatos às presidenciais: quem são eles?

Os candidatos à presidência da República são caras conhecidas dos portugueses. Mas, quais as histórias de vida destas sete personalidades? O que conhecemos sobre eles, além das ideologias políticas?

A 24 de janeiro de 2021, a população vai decidir quem será o próximo Presidente da República. As campanhas eleitorais estão a decorrer em plena pandemia da Covid-19, entre os dias 10 e 22 de janeiro.


Numa altura em que é importante ver o lado humano das pessoas, os eleitores esperam um bom Presidente para o país e para os portugueses.


Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa nasceu a 12 de dezembro de 1948 e é assumidamente católico, tendo participado em alguns movimentos da Igreja.

Foto: Presidencia de la República Mexicana

O atual Presidente da República portuguesa licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com uma classificação final de dezanove valores. O doutoramento de Marcelo é na área das Ciências Jurídico-Políticas. Foi professor universitário e pertenceu à Comissão de Instalação e ao Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, por onde é doutor honoris causa.


Na área da política, foi Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Ministro dos Assuntos Parlamentares e membro do Conselho de Estado. Marcelo presidiu a Assembleia Municipal de Cascais, foi vereador e líder da oposição na Câmara Municipal de Lisboa e Presidente da Assembleia Municipal de Celorico de Basto.


O professor, como é conhecido, foi um dos fundadores do Partido Popular Democrático, que depois passou a chamar-se Partido Social-Democrata (PSD), e foi líder do partido entre 1996 e 1999.


A nível internacional, foi Vice-Presidente do Partido Popular Europeu, como membro do PSD. Caracterizado pela diversidade, Marcelo Rebelo de Sousa também se interessa pelo jornalismo e esteve envolvido na criação dos jornais Expresso e Semanário, tendo sido parte integrante da direção e gestão destes órgãos de comunicação.


Nos últimos anos, destacou-se a nível nacional, ficando conhecido pelos comentários políticos, nomeadamente na televisão portuguesa.


Na recandidatura, garante querer manter-se fiel aos ideais que têm regido a sua presidência, nos últimos cinco anos. Com o intuito de fazer o país renascer após a pandemia, considera que não se recandidatar seria “sair a meio de uma caminhada exigente e penosa”.


O candidato independente, de 72 anos, respondeu às críticas de Ana Gomes sobre a estabilidade política, nas entrelinhas, e deixou um recado para André Ventura, dizendo que defende a democracia liberal, e “não a iliberal, que não é democrática”. Respondeu, também, a Tiago Mayan, com o vincar do seu caráter constitucionalista e defensor da Constituição: “Jurei cumprir e fazer cumprir, e fiz cumprir”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.


Por fim, descreveu-se “orgulhosamente português e por isso universalista. Convictamente católico e por isso dando primazia à dignidade da pessoa, ecuménico e contrário a um Estado confessional. Assumidamente republicano e por isso avesso a nepotismos, clientelismos e corrupções. Determinadamente social-democrata e por isso defensor da democracia e da liberdade”.


Ana Gomes

Ana Maria Rosa Martins Gomes nasceu a nove de fevereiro de 1954, em Lisboa. Licenciou-se em Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa.

Foto: Foto-AG Gymnasium Melle

Desde 1980, a sua carreira profissional passa pela diplomacia, atividade que deixou em 2003, para se dedicar à política. Enquanto diplomata, participou em missões da ONU e moderou processos de independência e restabelecimento de relações entre países. Foi, também, consultora diplomática do Presidente da República, General Ramalho Eanes, entre 1982 e 1986.


Militante do Partido Socialista (PS), Ana Gomes pertenceu ao Secretariado Nacional do partido, assumindo a área das relações internacionais. Destaca-se, ainda, na área do comentário político, nomeadamente na televisão.


A candidata à presidência da República ganhou vários prémios, nomeadamente nas áreas dos Direitos Humanos, ativismo, política e personalidade do ano. Pertenceu, ainda, a várias associações portuguesas e internacionais.


Enquanto membro do Parlamento Europeu, Ana Gomes integrou diversas comissões, relacionadas com temas variados, tais como relações externas, desenvolvimento, justiça e assuntos internos. Desde 2004, é conhecida por ser deputada na Assembleia da República Portuguesa.


Nesta candidatura a Presidente da República, a ex-eurodeputada do PS não reúne consenso dentro do partido, que terá liberdade de voto apesar de António Costa apoiar a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. Contudo, Ana Gomes conta com o apoio de algumas figuras socialistas de peso, como Manuel Alegre, Francisco Assis e Pedro Nuno Santos, e dos partidos PAN e Livre.


Aos 66 anos avança com a candidatura a Belém para combater as forças antissistema que querem derrubar a democracia, o sistema instalado dentro da democracia. A sua candidatura será “aberta a militantes de todos os partidos democráticas e a todas as pessoas que, não tendo atividade política, se identificam com as causas” que defende, referiu quando se apresentou ao país como candidata.


André Ventura

André Claro Amaral Ventura nasceu a 15 de janeiro de 1983. O candidato às presidenciais licenciou-se em Direito na Universidade Nova de Lisboa, é doutorado em Direito Público e fez carreira como professor universitário.

Foto: DR

Ventura publicou vários artigos científicos e fala fluentemente seis línguas: português, inglês, espanhol, francês, árabe e hebraico.


Enquanto comentador televisivo, interessa-se por áreas como o futebol (assumindo ser benfiquista), a Justiça e a política.


Dedicou-se à política e é deputado da Assembleia da República, pelo distrito de Lisboa, desde 2019, apoiado pelo partido Chega. André Ventura pertence a várias comissões parlamentares, nomeadamente nas áreas dos Direitos Humanos, Finanças e assuntos constitucionais.


Nas eleições autárquicas de 2017, concorreu a presidente da Câmara Municipal de Loures, pelo PSD e CDS-PP.


Envolto em polémicas pelos comentários acerca das minorias étnicas em Portugal, André Ventura é criticado pela associação à extrema direita e foi acusado de incentivar o ódio contra a etnia cigana. O candidato nega ser racista, argumentando que apenas não tolera que certas minorias não cumpram a lei.


O presidente e deputado único do partido Chega, desde abril de 2019, que já foi militante do PSD, admite que será difícil derrotar Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais de 2021, mas tem esperanças de que haja uma segunda volta e capte mais eleitores do que a candidata socialista Ana Gomes.


No vídeo do lançamento da sua candidatura, André Ventura atacou o atual Presidente da República: “Marcelo Rebelo de Sousa é a face deste sistema, nasceu neste sistema, cresceu com este sistema e defende este sistema. Nós somos precisamente o oposto”. O candidato de 37 anos acrescentou, também, a sua insatisfação perante a ausência de palavras de Marcelo sobre temas como “o combate à corrupção, as condições de trabalho das forças de segurança e as dificuldades do Ministério Público na investigação de políticos”.


João Ferreira

João Manuel Peixoto Ferreira nasceu a 20 de novembro de 1978, em Lisboa. Licenciou-se em Biologia e pertence ao Partido Comunista Português (PCP), sendo membro ativo na área de Lisboa.

Foto: GUE/NGL

O candidato a Presidente da República é deputado no Parlamento Europeu desde 2009. É, também, vice-presidente do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL) do Parlamento Europeu. João Ferreira integra, ainda, várias comissões europeias, nomeadamente a nível de transportes, turismo, ambiente, saúde pública e assuntos constitucionais.


Interessa-se pelas relações internacionais e, neste sentido, fez parte de delegações da União Europeia para as relações com países não integrantes da organização. No seguimento do contacto direto com a União Europeia, o candidato escreveu o livro “A União Europeia não é a Europa”, foi diretor da revista “Portugal e a UE” e recebeu o prémio de “Embaixador do Desenvolvimento”, pelo Instituto Marquês de Valle Flôr.


João Ferreira já participou em vários projetos, sobretudo na área em que é licenciado, promovendo a investigação científica. Atualmente, é vereador na Câmara Municipal de Lisboa, enquanto representante do PCP.


Aos 41 anos, é apontado como sucessor de Jerónimo de Sousa à frente do Partido Comunista Português. O secretário-geral do PCP considera que as próximas eleições para Presidente da República se revestem “da maior importância, pelo enquadramento nacional e internacional em que decorrem e pelas funções e papel do Presidente da República na vida nacional”. João Ferreira preza pela defesa da Constituição, garante de direitos – como o da saúde, num momento de pandemia de Covid-19 –, e pela defesa do “enlace” de direitos, laborais, sociais e ambientais.


Marisa Matias

Marisa Isabel dos Santos Matias nasceu a 20 de fevereiro de 1976, em Coimbra. A infância foi passada numa aldeia do concelho de Condeixa-a-Nova, onde ajudava a família na agricultura e criação de animais.

Foto: Ministerio de Cultura de la Nación

Aos 16 anos, Marisa começou a trabalhar para suportar os custos dos estudos, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde se licenciou. Enquanto estudante universitária, participou em movimentos estudantis, nunca tendo deixado de trabalhar em limpezas e serviço de mesa.


Marisa Matias foi secretária da Revista Crítica de Ciências Sociais, órgão no qual veio a ser investigadora, em 2004, tendo publicado vários artigos científicos. Também desde 2004 é membro do Bloco de Esquerda (BE) e foi eleita deputada do Parlamento Europeu, em 2009, pelo partido, e integrou diversas comissões da organização internacional.


O interesse pela área social levou-a a ser professora, em contexto de ensino profissional, de cidadania e sociologia. Em 2009, a candidata concluiu o doutoramento, cuja tese se intitula "A natureza farta de nós? Saúde, ambiente e novas formas de cidadania".


A candidata a Presidente da República caracteriza-se pelo ativismo na área dos Direitos Humanos, direitos sexuais, ambiente, saúde e cultura. Marisa liderou um movimento para a despenalização do aborto. Destacou-se, ainda, no Banco Central Europeu, relações internacionais e foi vice-presidente do Partido de Esquerda Europeia.


Em 2016, Marisa Matias passou a ser a mulher mais votada na História das eleições presidenciais, em democracia, com 10,12% dos votos.


Nas próximas eleições, a eurodeputada e candidata do Bloco de Esquerda afasta um cenário de desistência que dê força a uma só candidatura de esquerda. Assumidamente “republicana, laica e socialista" quer superar o resultado conseguido na sua estreia na corrida a Belém, quando obteve o melhor resultado de sempre para o BE.


Com um percurso e ideias semelhantes a Ana Gomes – o trajeto como eurodeputadas, o combate à corrupção e ao branqueamento de capitais –, Marisa Matias promete uma campanha "a ouvir, a dar voz à gente sem medo, a apoiar a coragem de quem cuida dos outros. Portugal precisa de saber quem são e de ouvir quem faz a vitória sobre o medo”, referiu a 9 de setembro.


Na altura, Marisa Matias apontou ainda as diferenças para com o atual Presidente da República: “Marcelo quer um regime político assente em mais do mesmo, eu quero um regime que responda à pandemia social e acabe com os privilégios; ele aceitou um regime financeiro que se foi esvaindo em privatizações e negócios, eu quero uma banca pública de confiança; ele quer um sistema de saúde concedido em parte a hospitais privados, eu quero um Serviço Nacional de Saúde de qualidade para todos”.


Tiago Mayan Gonçalves

Tiago Pedro de Sousa Mayan Gonçalves nasceu a 5 de março de 1977, no Porto, onde vive até hoje. O candidato formou-se em Direito na Universidade Católica Portuguesa, no Porto, é político e foi presidente do Conselho de Jurisdição do partido Iniciativa Liberal (IL) até dezembro de 2020.

Foto: Iniciativa Liberal

Tiago é membro da Assembleia da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde e participou na campanha e movimento “Porto, o Nosso Partido”, que promoveu Rui Moreira a autarca do Porto.


O candidato às presidenciais de 2021 foi membro fundador do partido que representa, Iniciativa Liberal, que diz ter trazido “uma forma diferente de pensar e fazer política a Portugal”.


Na sua página online, Tiago Mayan descreveu-se da seguinte forma: “Amo o meu País e amo a minha Cidade. Tenho um longo percurso ativo de serviço associativo e voluntário. Gosto de correr, do mar, faço vela”.


O advogado avançou com a candidatura para o cargo de Presidente da República com a intenção de juntar votos não só dos eleitores liberais, mas também daqueles que não se reveem “num Presidente que deixou de o ser" ou em candidatos “populistas de esquerda e de direita”, ou seja, para ocupar o espaço entre a recandidatura do Marcelo Rebelo de Sousa e a candidatura do líder do Chega, André Ventura.


O candidato da IL diz estar “descomprometido” de interesses e livre de compadrios: "Não estou envolvido em teias de interesses, de cumplicidades e de conveniências, dos séquitos e das elites do Terreiro do Paço”. Acrescenta que não se submete a qualquer Governo e acusa o Governo socialista de atacar direitos e liberdades individuais e manter o país em estagnação.


Vitorino Silva

Vitorino Francisco da Rocha e Silva nasceu a 19 de abril de 1971. Conhecido pelos portugueses como “Tino de Rans”, garante que sempre quis pôr a sua terra no mapa – Rans é uma freguesia no concelho de Penafiel, distrito do Porto.

Foto: autor desconhecido

Tino é conhecido pela diversidade de funções que desempenha, mantendo a simplicidade. De calceteiro a cantor, escritor e político, conta com vários livros publicados e destaca-se em inúmeras áreas.


Em entrevista ao IMPRESSO, o candidato descreve-se como genuíno: “A partir do momento em que tive visibilidade, nunca deixei a minha terra para trás. Não faço as coisas à procura de foco nem de fama”.


Calceteiro de profissão, já em criança passava as férias a ajudar os irmãos, que eram calceteiros, e diz ter ganho o amor à arte e à profissão. “Desde que me conheço que sou calceteiro e serei calceteiro até à morte”.


Vitorino Silva participou em reality shows da televisão portuguesa, por convite, segundo o próprio: “A televisão tem de ter “share” e precisam de gente que prenda o telespectador. Eles perceberam, naquela altura, que o Tino era uma pessoa que podia dar audiências”.


O candidato tem vindo a envolver-se cada vez mais na política. Tino já se candidatou a eleições autárquicas, presidenciais e legislativas, tendo sido Presidente da Junta de Freguesia de Rans, e diz gostar de participar: “Eu acho que a política é um ato de cidadania e não tenho problema nenhum em sujeitar-me a ir a votos”.


Todas as candidaturas foram importantes para o político, que esclarece: “Aprendi com as derrotas. Para mim foram derrotas, mas da derrota consigo tirar partes de vitória e consigo preparar-me”. Garantindo que é necessário ter paciência, acrescenta: “Eu sou maratonista, não sou um corredor de cem metros”.


“Eu queria ser um Presidente da República à Presidente de Junta: próximo”. Nas presidenciais de 2016, Vitorino registou 152 mil votos. Considera que conquistar mais um voto é uma vitória, mas almeja disputar a segunda volta das eleições, na qual antevê a participação de Ana Gomes, Marisa Matias e André Ventura.


“A minha candidatura é muito forte, feita de gente simples onde a qualidade impera”, defende. O candidato mostrou-se contra a realização das eleições em janeiro, em contexto de pandemia, temendo a abstenção da população mais idosa, "por estarem enfraquecidos ou com medo”.

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